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Os cuidados com a primeira infância foi tema de uma palestra que aconteceu no Centro de Educação Infantil Vinício Scarano, no dia 22 de novembro. Educadores, pais e cuidadoras participaram do evento que foi conduzido pela coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Ana Elizabete Carvalho Pádua.

“A creche não é apenas um lugar onde as mães deixam as crianças para trabalhar”, explicou a coordenadora. Ela disse que centros de educação infantil são um espaço onde se deve garantir que as crianças aprendam e se desenvolvam por meio de relações seguras e afetuosas. “É preciso  que os bebês tenham suas necessidades de cuidados atendidas e possam aprender sobre si, a relação com os outros e o mundo a sua volta. As crianças tem que ser educadas e os educadores têm que estar preparados para este olhar humanizado”, falou.

O modelo de cuidado humanizado vem sendo implantado nos centros do município desde o ano passado. Ana Elizabete falou que a metodologia é baseada no modelo Pikler que é relativamente nova no Brasil. “Há uns 10 anos que temos este método implantado no Brasil, isto em educação é novidade. Estamos estudando e repassando aos nossos centros educacionais”, ressaltou.

A metodologia adotada tem como base o respeito profundo pelos bebês e uma minuciosa atenção com detalhes ao seu desenvolvimento. A coordenadora lembrou que é preciso dar atenção a esta fase da vida pois, segundo Pikler, o bebê tem que ser visto como o que é, uma pessoa. ”Às vezes negligenciamos esta fase da vida e separamos ela da fase adulta. O bebê tem que ser visto como uma pessoa e devemos respeitar sua intimidade e ter em conta suas demandas, sobretudo, no que se refere ao contato físico nas atividades da vida cotidiana como a alimentação, a higiene, o vestir e o despir, sem intromissão”, explicou.

Marinilda Silva, diretora do Centro Educacional Vinício Scarano disse que esta é uma nova abordagem onde a  criança é vista e tratada como um ser humano. “A criança é gente, sabemos disso, mas pensávamos a criança como um ser separado da idade adulta.  Então trabalhando  eles com amor, afetividade e respeito automaticamente vão se  tornar adultos mais  humanos, respeitosos, afetivos, vamos ter uma sociedade melhor que é o nosso sonho como educador”, ponderou.

A nova rotina dos centros educacionais não muda, explica Marinilda. Para ela o que muda é a forma de olhar para a criança. “O banho a gente já faz um banho amoroso. Só que agora você vai fazer um banho diferenciado, dois três minutos a mais. Vamos olhar nos olhos, tocar afetuosamente, pedir licença para esta criança. É importante dizer a ela o que estamos  fazendo. O banho, o alimento e brincar são momentos de cuidar, educar e preparar para a vida”, falou.

Toda a educação deve estar voltada a propiciar situações pensando na criança como um ser que deve ser respeitado profundamente. “Este é o nosso pensamento. Coisas com as quais nos preocupávamos demais como preparar muitos brinquedos, diversas brincadeiras, hoje vejo que não é tão relevante. O importante é que a criança se desenvolva por si mesma. E isto facilita o trabalho, a gente sabe que a partir do momento que você leva para um banho, vai dar a alimentação, ou mesmo o sono, fazem parte do seu trabalho como educar infantil”, disse.

Sobre Pikler — A abordagem Pikler para crianças de 0 a 3 anos foi desenvolvida pela médica húngara Emmi Pikler, que somou a sua experiência de dez anos como médica de família ao trabalho realizado na instituição de acolhimento situada na Rua Lóczy, em Budapeste, e à observação e ao registro minucioso do desenvolvimento de bebês, para desenvolver um trabalho profissional de excelente qualidade. Esta abordagem está embasada no cuidado com a saúde física e no respeito com a individualidade de cada criança e tem como princípios fundamentais a relação privilegiada entre mãe/educadora e bebê e o desenvolvimento da autonomia através do brincar livre.

O que é a primeira infância? — A primeira infância é o período que compreende o nascimento e os primeiros seis anos de vida da criança. É uma etapa muito importante para o desenvolvimento e as experiências dessa época são levadas para o resto da vida – mesmo aquelas que acontecem durante a gestação ou enquanto o bebê é pequeno, ainda não sabe falar e nem tem memória apurada dos fatos que acontecem à sua volta.

fotos: Susana Souza