Página inicial

A realização de um seminário para enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, realizado na segunda-feira 1 de fevereiro, no Teatro Municipal Sebastião Furlan em São Sebastião do Paraíso, marcou o início da intensificação dos trabalhos e a mobilização para o envolvimento de toda a comunidade. Durante o evento foram apresentados dados, realizadas palestras e também a capacitação dos agentes, enfermeiros, médicos e outros profissionais envolvidos na identificação dos casos suspeitos e na visitação às casas.

Logo no início dos trabalhos, a secretária municipal de Saúde e Ação Social, Dulcinea de Freitas Barroso, deu as boas vindas aos participantes e comentou sobre a luta dos gestores em geral conta o maior vilão da saúde pública no momento, o mosquito Aedes Aegypti, alertando que a previsão para 2016 é de uma situação ainda pior do que em 2015. A secretária esclareceu que através de uma portaria, o Governo Federal autorizou a mobilização e a inclusão dos agentes comunitários de saúde para se engajarem ao trabalho de prevenção e visitas às residências. “Achei a iniciativa do Governo Federal muito boa, pois os Agentes Comunitários de Saúde já têm a proximidade com as famílias e assim fica mais fácil a receptividade às visitas e orientações. Agradeço o empenho e a dedicação de todos nesta nova fase”, disse.

O prefeito Rêmolo Aloise afirmou que neste ano a mobilização está sendo bem maior. “Lembro que no ano passado tínhamos 25 agentes de epidemiologia, depois contamos com uma equipe do Estado e tivemos quase 40 pessoas envolvidas diretamente. Agora com o reforço dos agentes comunitários, já são quase 160 pessoas mobilizadas”, comenta. Ele acrescentou que “Paraíso não fugirá a luta e que precisamos enfrentar este mosquito”. O prefeito convocou a todos para se unirem até mesmo através das redes sociais para combater o Aedes Aegypti.

Durante o seminário foi realizada apresentação musical dos agentes de combate a endemias, conhecido como “The Voice do Combate à Dengue”. Os agentes foram parabenizados e muito aplaudidos pelas paródias, reforçando que a música também é uma forma de conscientizar as pessoas. Em seguida foi apresentado um vídeo sobre o ciclo de reprodução do mosquito transmissor dessas doenças e na sequência, Suelen Daiana Canela, responsável pela Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde de Passos, apresentou informações sobre as experiências vivenciadas pela Regional, com os números de casos notificados e confirmados pelos municípios da região. Ela apresentou também, dados sobre o cenário epidemiológico no Brasil e em Minas, destacando que no ano passado o Estado registrou 70 óbitos, além de 192.092 casos notificados. "Já neste ano, estamos com 9.953 casos, sendo 51 de Chikungunya e outras sete notificações do Zika Vírus", alerta.

Suelen anunciou que após o carnaval o Exército irá atuar em Minas Gerais ajudando no trabalho de combate aos focos do mosquito nas regiões de maior incidência de notificações. "Teremos uma ação conjunta nos três níveis de governo, inclusive com ordem judicial para adentrar as casas onde houver resistência ou locais suspeitos em que os moradores ou proprietários não forem localizados", anuncia.  Ressalta-se que Paraíso já usa essa estratégia desde 2012, possibilitando a entrada, mesmo que forçada, em todas as residências que apresentam risco à população. Suelen demonstrou preocupação em relação ao grande número de municípios que não forneceram informações sobre o assunto. "Temos 60 cidades com alta incidência, 54 com média e 457 que estão silenciosos e que quando apresentarem seus dados poderá elevar bem mais os índices de lugares e pessoas com notificações".

Conforme o coordenador de Zoonoses do município, Gustavo João Bernardino, é preciso uma postura rigorosa. "Precisamos ser diretos e duros com a questão. Não queremos enterrar nenhum familiar, amigo ou até pessoas desconhecidas por conta de um mosquito", enfatiza. Ele lamentou que mesmo com todo o empenho e mobilização, ainda existem pessoas que têm criticado de forma maldosa, nas redes sociais, o trabalho que está sendo feito. "Estamos preparados para ajudar a todos e vamos continuar realizando os mutirões, intensificando as ações e faremos tudo o que for necessário para combater essas doenças. Se o mosquito da dengue pode matar, ele não deve nem nascer", destaca.

Gustavo antecipou que no próximo dia 15 de fevereiro haverá uma caminhada contra a dengue. Também entre as ações de conscientização está sendo programada a realização de um passeio ciclístico, uma carreata, a implantação do Disque Dengue, mapeamento permanente das áreas afetadas, criação de uma sala de situação. A mobilização deverá envolver toda a comunidade e continuaremos com as parcerias com as imobiliárias, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, escolas, empresas e outros setores.

No período da tarde foi realizada palestra com o médico infectologista José Carlos Costa Júnior. Ele apresentou um trabalho sobre o manejo clínico, diagnóstico e tratamento da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus. "Estamos vivendo uma situação inédita no Brasil e no mundo, com três doenças transmitidas pelo mesmo vetor simultaneamente e potencialmente fatais", disse. José Carlos apresentou o histórico e as características destas enfermidades, alertando que é preciso atenção para identificar os sintomas e diferenciar o diagnóstico de cada caso. “Não temos um tratamento ou vacina com alto índice de proteção, os estudos estão sendo realizados e levará algum tempo para que tenhamos algo seguro e com um custo acessível”, anunciou.

Na palestra final, a coordenadora da Vigilância em Saúde de Paraíso, Lucymeire Oliveira explicou a importância de se notificar os casos de dengue e também do paciente, seguir à risca as recomendações feita pelos profissionais de saúde, pois estudos comprovam que a maioria das mortes decorrentes da doença, pode ser evitada. Por isso o melhor a fazer é prevenir e caso a pessoa apresente os sintomas clássicos da dengue, o médico deverá ser procurado imediatamente.