Página inicial

Notícias Navegar com Ícones

Aguarde, carregando...

Acesso a informação   Ouvidoria   Carta de Serviços ao Cidadão
    Alto Contraste  Instagram   Facebook
Institucional 5


Prefeitura realiza tradicional festa da Congada

17/12/2013

A Prefeitura de São Sebastião do Paraíso, através do Departamento Municipal de Cultura, realiza de 26 a 30 de dezembro, na praça comendador José Honório, a tradicional festa da Congada. Oito ternos de congo e cinco de moçambique irão desfilar na rua Pimenta de Pádua, ao lado da igreja matriz de São Sebastião, a partir das 19h30.

A parte religiosa será feita na parte da tarde, quando os ternos levam os devotos até à igreja matriz para cumprirem promessas. Às 18h será realizada missa em todos os dias da festa, em homenagem aos santos padroeiros da Congada: Nossa Senhora do Rosário (dia 26), São Benedito (dia 27), Santa Ifigênia (dia 28), São Domingos (dia 29) e Santa Catarina e São Gerônimo (dia 30). A procissão para o hasteamento das Bandeiras aconteceu no dia 8 de dezembro.

Este ano a Prefeitura disponibilizou verba de R$ 120 mil para a realização da festa, sendo o valor distribuído entre os ternos para as despesas com vestimentas e acessórios, além de ajuda de custo para rei, rainha, princesas e comissão organizadora. A Congada paraisense é uma festividade de cunho religioso, introduzida no município por escravos africanos, desde a  fundação da cidade em 1821.

História — A festa do Rosário de Nossa Senhora no Brasil está ligada a grupos negros que realizam os autos populares conhecidos pelos nomes de Congada, Congado ou Congos. Por essa vinculação aos negros, o Congado se tornou também uma festa de santos de cor, como São Benedito e Santa Efigênia.

Embora alguns autores atribuam a gênese do Congado a uma influência européia, ligando-se às lutas religiosas da Idade Média, a hipótese mais forte é que defende a origem afro-brasileira do culto. É importante lembrar que o processo de catequese, através de missionários dominicanos, levara Nossa Senhora do Rosário à África, impondo seu culto aos negros. O acréscimo dos elementos de coroação de reis, lutas e bailados guerreiros é a contribuição africana, numa rememoração das práticas da Terra-Mãe.

Mas o traço decisivo da criação do Congado ocorrerá no Brasil colonial, através do processo aculturativo: de um lado, o modelo religioso do branco; de outro, a recriação do negro. Há dois grupos nitidamente distintos: as guardas de Congo e Moçambique. A caracterização das guardas pode ser feita através dos seguintes elementos: fundamentação mítica, função, vestuário, símbolos condutores, instrumentos distintos, tipo de movimento e de dança, linguagem dos cantos.

Pela fundamentação mítica, as guardas se formaram ainda na África, quando uma imagem de Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar. O grupo do Congo se dirigiu para a areia e, tocando seus instrumentos, só conseguiu fazer com que a imagem se movesse uma vez: num movimento rápido, Nossa Senhora se encaminhou para frente e parou. Então vieram os negros moçambiqueiros, batendo seus tambores recobertos com folhas de inhame, cantando para a Santa e pedindo-lhe que viesse para protege-los. A imagem veio se encaminhando, no movimento lento do vai-vem das o­ndas, lentamente, até chegar à praia.

A função das guardas se define através da narrativa mítica: o Congo puxa todos os dançantes, em movimento rápido; abrindo caminho, o Moçambique é o responsável pela Senhora, representada pelos reis cujas coroas a guarda conduz.

A linguagem do Congo expressa a religiosidade e a vida mais recente do grupo, através dos cantos que lembram os problemas sociais com o poder público e a Igreja, a histórias de guardas visitantes e as brincadeiras ou bizarrias. A estrutura do canto é fixa, limitando-se às improvisações.

Além de Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia, mais tarde os congadeiros adotaram como padroeiros São Benedito, Santa Catarina, São Domingos e São Jerônimo, traduzindo sua festa no mais autêntico testemunho do sincretismo entre a cultura do escravo e a do seu senhor.