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Ouvidoria Municipal


II Seminário de Saúde Mental é realizado em Paraíso

01/06/2009

 O II Seminário de Saúde Mental, ocorrido na quarta-feira, 20 de maio, em São Sebastião do Paraíso reuniu mais de 250 pessoas que compareceram ao teatro da Escola Estadual Clóvis Salgado no evento que comemorou a data de 18 de maio: dia de Luta Antimanicomial.
 A abertura do seminário foi feita pelo diretor de saúde e ação social, Marcos Rogério de Paula Oliveira, que elogiou e agradeceu a presença maciça da população ao evento. Ele ainda citou algumas particularidades da saúde municipal: “do dia 1º ao dia 10 de cada mês, o número de pessoas que passam na saúde publica é muito menor do que as pessoas que passam entre os dia 20 e 30. A explicação para esse fenômeno é a falta de dinheiro; quando as pessoas recebem elas fazem compras, pagam suas contas, enfim, não tem tempo de ir ao médico. Em compensação quando esse dinheiro acaba, as dores e os problemas de saúde ressurgem”, explicou.
 Marcos também comentou sobre a importância do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) para a saúde mental. “O CAPS vem como um novo modelo de intervenção na saúde mental do município. Esse novo modelo foi reestruturado pelo Governo Federal e Minas Gerais é um dos primeiros estados que o implantou. Paraíso foi o município pioneiro no funcionamento do serviço e hoje serve como referência para a microrregião” explica o diretor.
 O gerente de saúde, Christian Alves Neto, enfatizou sobre a inserção da área no programa “Saúde na Escola”, resultante de uma parceria entre os ministérios da Educação e Saúde que aborda questões relativas ao tema sob a ótica da prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida, dentro do ambiente escolar, sob a coordenação da área de saúde. “Esse é um projeto inovador e de muita valia para toda a comunidade. Não vamos medir esforços para realiza-lo da melhor maneira possível”, comentou.
 Christian comemorou o grande número de participantes do evento e demonstrou satisfação. “É bom saber que, como a saúde básica, a saúde mental também está sendo tratada como prioridade pela nossa comunidade”. Ele ainda elogiou todo o trabalho da organização do evento, dos funcionários e usuários do CAPS.
 A primeira palestra, realizada pela referência técnica em saúde mental de Minas Gerais, Lourdes Machado, teve como tema: “Preconceito, o­nde mora o seu?”. Ela abordou sobre o preconceito de um modo geral e foi enfática ao afirmar que todo preconceito é insano e cruel; e todo preconceituoso tem um sentimento de inferioridade muito grande. Lourdes exemplificou o caso de Hitler, que “no alto de sua inferioridade, exterminou milhões de judeus”. Outro exemplo citado por ela foi o caso das crianças, que antigamente, quando eram muito paradas e quietas, pressupunha-se que estavam doentes, apáticas, e hoje, quando são muito ativas, falantes e agitadas,  também acham que estão doentes e acham que um remédio é o mais indicado para acalmá-las. “Assim fica difícil chegar num consenso”, brincou a palestrante.
 Após a explanação do tema, houve apresentação teatral com o Grupo de Teatro Holográfico, em que os próprios usuários do CAPS atuaram e foram aplaudidos de pé. Em seguida aconteceu a palestra com Jorge Cândido de Assis, vice presidente da Associação dos Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia, de São Paulo. Ele explicou vários tópicos sobre a doença e citou uma série de livretos, disponiveis para downloads no site
www.proesq.institucional.ws/psicoeducacao, que relatam desde o início da doença até o pós tratamento.
 Para ele, “esquizofrenia não é um bicho papão, já foi, mas hoje em dia tem tratamento e a pessoa tem uma vida normal”, explicou. Em seguida, ele respondeu as dúvidas dos presentes, principalmente sobre sintomas e qual a atitude dos familiares em relação a quem apresenta a doença e alertou que uma crise esquizofrênica deve ser tratada sempre como emergência médica, pois nunca se sabe o que o paciente pode vir a fazer. “A metade dos esquizofrênicos tem tendência suicida, por isso não é bom arriscar. Devemos acreditar em tudo o que eles dizem, pois apesar dos delírios e alucinações, eles são seres como nós, possuem órgãos, problemas e dores como todos nós”, comentou Jorge.
 Depois do intervalo para o almoço, várias atividades como teatro e música foram apresentados. A responsável técnica do CAPS, a médica Daianne Zaniol Rampazzo Caetano, palestrou sobre o tema: “Da ficção á realidade: compreendendo a psiquiatria através do cinema”, ilustrando através de trecho dos filmes: “O Aviador”; “Melhor é Impossível” e “Tropa de Elite” sintomas como Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e Transtorno do Pânico. No encerrametno da palestra houve a distribuição de certificados a todos os presentes.